O amor entre amigos é gentil, sutil e sincero.
Talvez o amigo não soubesse o quanto era importante para o outro.
O quanto era necessário para seguir em frente, mesmo não se encontrando com freqüência, porém com a certeza intrínseca de que aquele amigo existe, simplesmente existe.
Isso era suficiente para encorajá-los mutuamente a seguir adiante, a “tocar o barco”, tocar a obra e tocar pro bar.
Caminhando pela estrada dura da vida, dividindo entre decepções e alegrias, filhos e mulheres, sonhos e cerveja, muita.
Sorriram e choraram em derrotas e vitórias.
Enfim a maioridade chega, as responsabilidades, a família, os sonhos sendo conquistados. E os dois ainda caminhando juntos pelo dia-a-dia árduo.
Encontravam-se ao final do dia mantendo o cumprimento cordial típico: “Doutor Lineu...”, “Fala Pimenta...!
Abriam a cerveja e ficavam ali junto à mesa , que chamavam de VIP no Fernandão, curtindo aquele momento cúmplice, leal, refrescando-se aos ventos da tarde que caia.
Daí em diante o resumo da conversa era praticamente monossilábico.
“E lá em casa? Ta bem?”.
“Tudo e lá?”.
“Também”.
Fim.
A despedida úmida aconteceu. Deixou água cair dos olhos daquele que ficou.
Amizade admirada que vai acompanhá-los pela eternidade desconhecida, pelo mundo, pelos que ficarem, por nós filhos de uma família sem mesmo sangue e que não almoça junto todo dia, mas se ama e se cuida como tal.
Um treco de pimenta e uma pimenta de Treco.
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