De repente eu fiquei assim...
Frouxa de tanto chorar, inflada de tanto sorrir
Procurando um meio, um começo ou um fim... ou que seja meio termo que é mais fácil de carregar...
Os olhos se enchem e esvaziam numa reciclagem de líquidos, de imagens e saudades... até daquilo que não vivi.
Mas esse oco e esse buraco que fica dentro da gente quando alguém vai embora...ahh esse buraco eu não desejo ao meu pior inimigo- se é que eu tenho algum.
Essa saudade se soma à dificuldade do dia agitado e da noite sozinha, vira um bolo pesado, uma massa dura que vai compactando qualquer delicadeza de sentidos, de mãos, de pensar...
Talvez a saudade mate dia-a-dia, talvez recicle, talvez só mexa com os poros. Ou seja lá o que for.
O fato é que só sentindo-a pra tentar explicar.
Talvez seja como o amor que a gente toma por certo que o sente quando diz “eu amo e ponto”, sem maiores descrições porque explicar o amor vai além da compreensão dos envolvidos no sentimento mais terno e grandioso que existe. A saudade é tão individual, tão sensível, tão mutante. Ela vai, ela vem.. Ela te deixa em paz, mas quando vc menos espera ela arrebata e te joga no chão.
Essa tal saudade tem me levado pra longe dos que estão perto. Tem me feito chorar antes de dormir. E, quando mais densa, me rouba o sono e invade os poucos sonhos pelos quais as horas me permitem viajar...
Essa tal saudade tem me consumido, me emprestado rugas que eu não quero carregar, tem me dito que eu não sou capaz sem o olhar daquele que eu admiro como herói, bandido, amado e amante.
Tem me feito sentir pedra enquanto sou manteiga, tem me feito pensar em bruxas enquanto quero fadas, tem me feito chorar enquanto quero apenas sorrir.
Penso em fugir, correr, sair por ai alheia a tudo. Tentando ver se o vento me leva embora, ou se, quem sabe eu encontro meu pai por ai, cantarolando e assobiando a passos suaves....